Divulgação/Apple |
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Os brasileiros não sabem ainda quando poderão comprar um iPad mini sem importá-lo, mas há indicações de que o tablet em breve será fabricado por aqui.
Um
documento de homologação publicado no site da Agência Nacional de Telecomunicações e descoberto pelo pessoal do
Tecnoblog revela que a
Apple conseguiu licença para montar o iPad mini na fábrica da Foxconn em Jundiaí, interior de São Paulo.
A homologação significa que o iPad mini poderá receber os incentivos fiscais concedidos pelo governo a aparelhos construídos no Brasil.
Curiosamente, só o modelo com Wi-Fi e 3G recebeu o aval da Anatel, o mais barato, apenas com Wi-Fi, será importado. Nos Estados Unidos, o completo custa a partir de US$ 459; o básico (que aqui será importado) tem preço inicial de US$ 329.
Não se sabe, entretanto, quando começam as vendas, e nem quanto o brasileiros terão de pagar.
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Felipe Maia
Você, que usa mais o Earlybird, tem pretensão a ser o cineasta americano Wes Anderson. Já você, que prefere X-Pro II, deve ser uma pessoa otimista. Você aí, que gosta do Rise, pode ser um belo preguiçoso. Você, que costuma optar pelo Hudson, não deve ser uma pessoa muito expansiva. E você, que se identificou com algumas dessas palavras estranhas, certamente usa ou já usou o Instagram.
A plataforma tem pouco mais de dois anos e considerável sucesso para a idade. Não é novidade para a maioria usuários de smartphones, mesmo que alguns não tenham acesso a ela -- caso do Windows Phone e do Blackberry. Tem um punhado de cópias espalhadas pelas lojas de aplicativos. Sua fama já a colocou como parte da cultura popular em filmes e séries. Para coroar, há pouco menos de um ano ela foi comprada pela bagatela de US$ 1 bilhão pelo Facebook. E a base de usuários é larga: segundo a Marketo, consultoria digital, no mês de fevereiro o Instagram tinha 100 milhões de usuários ativos.
No mesmo levantamento, a companhia traçou os perfis de usuários baseados nos seus filtros preferidos -- como escrito linhas acima. Essas edições têm papel fundamental na série de motivos que alçaram o carinhosamente apelidado Insta ao sucesso. As ferramentas de ajuste rápido transformam cores, luzes e sombras de fotos e são, para alguns, mais que maquiagens. “Acredito que a simplicidade de manipulação das imagens através de aplicativos como o Instagram tenha sido o principal fator por trás dessa revolução que a fotografia vem sofrendo sobretudo nos últimos dois ou três anos”, afirma Felipe Watanabe, fotógrafo graduado em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo com o trabalho “É bonito ser faux - A nova fotografia digital e o fenômeno do Instagram”.
Para Watanabe, os filtros trazem processos longos e caros da era analógica para a distância de poucos cliques no smartphone. “O grande mérito da era digital para a fotografia tem sido o de aproximar cada vez mais as ferramentas das pessoas”, diz ele logo após mencionar as Toy Cameras, aparelhos que surgiram entre 1950 e 1980 servindo de inspiração para aplicativos como o Instagram. O que era problema das câmeras àquela época transformou-se em efeito legal hoje em dia.
“Gostemos ou não da elevada utilização de filtros, é fato que eles são populares porque são fáceis de usar e sentimos que deixam nossas fotos melhores”, diz Taylor Davidson, fotógrafo e vice-presidente do fundo de investimento norte-americano KBS+. Sua defesa faz tanto sentido que os filtros já não são exclusividade do Instagram -- nem das imagens estáticas.
O Google+ recentemente adicionou ferramenta similar na sua nova versão do aplicativo para iOS e o Vimeo também foi nessa onda. Chamado de “Enhance”, o sistema da rede social de vídeos adiciona efeitos visuais a gravações inteiras -- ou, em essência, uma série de fotografias exibidas de maneira sucessiva. Davidson resume o processo de filtros nas fotos: “São poucas decisões. É fácil de escolher e consumir. Tem baixa variação em formato e estrutura. O foco é no assunto e na mensagem.”
Para Watanabe, os filtros também representam o faux-vintage (o efeito de fotografia antiga). “Na fotografia digital, o faux-vintage define um movimento estético que tem como objetivo associar a uma imagem contemporânea a aparência daquelas produzidas em épocas passadas”, diz o fotógrafo. Para conseguir isso, o “fraudador” usa uma câmera antiga, uma câmera especial (caso dos modelos da marca Lomography) ou um software virtual -- função reduzida no Instagram.
Outro aspecto relacionado é o esquiomorfismo. O nome feio significa a emulação de elementos antigos em objetos mais modernos. Na fotografia digital, trata-se, por exemplo, do barulho de obturador emitido na hora do clique. O ruído não passa de um arquivo .WAV ou .MP3 executado pelo smartphone. Os filtros do Instagram também são esquiomorfos ao recriarem uma estética antiga em fotografias cujas resoluções e definições não tem nada de velho.
Ao contrário, os próprios filtros devem sofrer com a idade em algum tempo. Para Watanabe, a cultura em torno dessas ferramentas e seus aplicativos deve se esgotar à medida em que outras tendências se aproximam. O Instagram e seus companheiros Hefe, Hudson, X-Pro II já fizeram sua parte, acredita o fotógrafo. “Eles já tiveram seu papel em difundir uma cultura de expressão através imagens, do visual, e acredito que esse legado é capaz de definir parte das linhas a serem seguidas pelos próximos fenômenos e não apenas na fotografia”, diz. O #nofilter certamente não sairá de cena.